Sou o Vicente Camelo: musicoterapeuta, músico, psicólogo e sonhador. Ao contrário de tantos jovens, nunca sonhei ser futebolista, apenas já perto dos 30 pensei que passei ao lado de uma grande carreira no meio-campo.
Desde cedo que percebi a potencialidade da música no trabalho social. Sonhava com o seu poder sanador e da sua aplicação em bairros socialmente vulneráveis como objetivo de valorização pela arte.
Foi com este objetivo que me licenciei em psicologia e posteriormente em musicoterapia.
Para falar da musicoterapia começo por citar o Mestre Ravi Shankar: “A música transcende todas as linguagens e barreiras e é a mais bonita forma de comunicação que podemos ter.”
No meu trabalho a música é a comunicação. Trabalho com crianças, jovens e adultos que não conseguem comunicar através da palavra, linguagem oral, apenas alguns gestos básicos. No entanto, através da música conseguem comunicar todo o seu mundo interno e é neste processo que se dá a terapia.
Nos últimos anos tenho sobretudo trabalhado com coletivos com deficiência intelectual e aqui tocamos músicas conhecidas, que são referências da sua identidade sonora, improvisamos, alteramos a lírica de canções, exploramos músicas e exercícios mais cognitivos, sempre com o foco na música e no plano terapêutico traçado para cada paciente.
No ano passado tive a oportunidade de estar envolvido num trabalho nos cuidados paliativos onde tocava apenas melodias, tentado refletir o estado emocional de cada paciente, e a realidade é que no final de cada sessão, vários deles partilhavam que conseguiram “viajar” para fora daquele ambiente hospitalar e da sua condição terminal.
Chego ao fim com a sensação de que escrevi muito mas expliquei pouco acerca da musicoterapia. Mas melhor do que ler é fazer, portanto, se tiverem a oportunidade, apontem-se a um workshop de introdução à musicoterapia, mergulhando neste mundo sonoro tal como eu mergulho todos os dias, o que me faz sentir um afortunado. Vicente Camelo
Musicoterapeuta
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